sábado, 28 de maio de 2011

Reportagem: Falta só a missa de sétimo dia.

O jornalista Ricardo Kostcho - velho decano da imprensa brasileira - ex-assessor de Lula - ex-diretor de várias revistas e jornais - fez esta semana uma analise sobre a péssima qualidade da reportagem de hoje em dia. O que eu concordo inteiramente. A reportagem hoje passou a ser pautada pelas assessorias de imprensa, ficando a mercê do que interessa aos assessores de imprensa que saia nos jornais. É a subserviência da comunicação. Em 1969, MArshal Mac Luhan escreveu Os Meios são as Mensagens e Aldeia Global e a Galáxia de Gutemberg, nestes 3 livros ele previu muita coisa sobre a imprensa, mas não previu a imprensa subserviente nem a era do exclusivismo dos fatos.


A era do exclusivismo é muito interessante, por exemplo um jogo da seleção brasileira só a TV globo transmite, as outras emissoras ignoram o fato para não colocarem azeitona na empada da Globo, para o jornalismo das outras emissoras é como se a seleção do nosso País, não tivesse entrado em campo naquele dia, é como nada tivesse acontecido no futebol do Brasil naquele dia. Inacreditável.

Outro fato por exemplo é o dinheiro ganho pelo ministro Palocci como consultor. A denúncia partiu da Folha de São Paulo, o Estadão cobriu para não ficar para trás, o Globo apenas repercutiu o fato, creditando a denúncia aos jornais de São Paulo e só. É uma espécie de "olha, estou isento, noticiei mas não tenho nada com isso" isso apenas para não prejudicar a relação com a publicidade oficial entre as organizações globo e o Palácio do Planalto, pois perder o dinheiro da publicidade do governo brasileiro, seria como dar um tiro no pé e requerer o pedido de falência.

Hoje só a Folha e o Estadão continuam no assunto. No Japão por muito menos um ministro acusado de corrupção se mata com um tiro pela vergonha que causou a sua família. No Brasil o ex-presidente Lula vai ao Congresso para convocar os aliados para blindarem Palocci. Será que é preciso uma confissão de culpa maior do que essa? E a tv apenas divulga que Lula reuniu-se com a base aliada. Onde estão os analistas políticos. Quando no tempo de um Carlos Castelo Branco isso passaria impune? Onde se tem hoje uma reportagem como a de Carlos Lacerda no Correio da Manhã que derrubou o ministro na manhã do dia em que foi publicada?

O que vemos hoje é uma reportagem que não aprofunda os assuntos, textos superficiais que apenas dão uma visão rápída sobre o assunto. Não se tem mais reportagens de quatro páginas de jornal, como faziam o JB e o Correio da Manhã, nos anos 60. Aliás nem temos mais o JB e o Correio da Manhã.

Vivemos uma geração que nada sabe sobre o ontem e sobre o amanhã conhece apenas o que o Ipad 2 coloca como novidade, e isso estou falando de jovens universitários, futuros dirigentes desta nação.

Jovens que hoje sabem que a revolução de 64 é apenas uma novela do SBT.

O jornalista Kostcho tem total razão. A reportagem está morta. Só esqueceram de mandar rezar uma missa de sétimo dia.